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O ministro que virou 'delegado': Moraes interrompe investigação da Polícia no Rio de Janeiro

  • Redação
  • 11 de nov.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de nov.

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Faltam poucos cargos para Alexandre de Moraes acumular no currículo. Depois de atuar como juiz, censor e legislador informal, agora o ministro resolveu bancar também o delegado do Rio de Janeiro. Em mais um episódio de interferência sem precedentes, Moraes determinou que a Polícia Civil do Rio interrompesse uma investigação legítima sobre a remoção de corpos após a operação nos complexos do Alemão e da Penha. Além disso, intimou o delegado responsável pelo caso a justificar, em 48 horas, o motivo de ter aberto o inquérito.


A investigação, conduzida pela 22ª DP (Penha), apurava se moradores haviam cometido crimes como vilipêndio de cadáver e alteração de cena de crime ao removerem corpos da mata e os colocarem em via pública. Ou seja — o delegado estava apenas cumprindo o dever de investigar fatos suspeitos.

Mas, no Brasil de hoje, agir dentro da lei pode desagradar quem se julga acima dela.


Interferência sem legitimidade

Especialistas apontam que a decisão de Moraes é mais um avanço sobre competências estaduais e sobre a autonomia das polícias.O professor de Direito André Marsiglia resumiu o absurdo da situação:

“O STF não tem legitimidade para suspender investigação da Polícia Civil. E qual o problema de investigar remoção e adulteração de corpos? Não é importante saber se facções montaram o cenário para a imprensa após a operação? O STF quer investigar ou quer o monopólio da narrativa?”

A crítica expõe o que muitos juristas e parlamentares têm denunciado: a hipertrofia do Supremo Tribunal Federal e o esvaziamento das instituições republicanas.


A incoerência de sempre

A jurista Kátia Magalhães também destacou a contradição do discurso progressista:

“A turma que demonizava a intervenção constitucional no Rio, sob o comando do general Braga Netto, agora aplaude de pé a intervenção oficiosa e inconstitucional de Moraes no mesmo estado. Transtorno cognitivo ou só má fé?”

A seletividade das reações escancara que, no Brasil atual, o problema não é a intervenção — é quem a faz.


Pressão e silêncio institucional

O delegado Leandro Gontijo de Siqueira Alves, responsável pelo inquérito, foi intimado a prestar explicações ao STF.Para muitos analistas, este seria o momento de resistência institucional


O alerta é direto: cada ato de silêncio institucional abre espaço para mais autoritarismo.


Crise de poderes e a hipertrofia suprema

Enquanto o STF interfere em investigações estaduais, a Polícia Federal se sente confortável para opinar sobre projetos de lei no Congresso — algo jamais visto em uma democracia madura. Marsiglia foi direto:

“Como é possível que a PF se sinta confortável para opinar sobre um projeto em discussão no Congresso? Polícia não discute lei; polícia aplica a lei. Ninguém mais respeita o Parlamento. Não há qualquer institucionalidade no país.”

Essa perda de limites entre poderes e funções reforça o diagnóstico: vivemos uma era de desequilíbrio institucional e censura velada.


Até onde vai o poder sem freios?

Com o Supremo transformado em arena política, o Congresso desmoralizado e as forças de segurança intimidadas, o Brasil assiste ao avanço de um poder sem contrapesos.O mesmo ministro sancionado pela maior democracia do mundo por abusos de direitos humanos segue atuando sem freios internos, sem questionamentos sérios e com aplausos de quem deveria fiscalizá-lo.

Se nada for feito, Moraes deixará de ser apenas ministro — e passará à história como o imperador absolutista do Brasil.


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