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Idosa analfabeta é usada como “laranja” em associação que desviou bilhões do INSS

  • Redação
  • 25 de ago.
  • 2 min de leitura
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Francisca da Silva de Souza, de 72 anos, viúva e analfabeta, descobriu que seu nome constava como presidente formal da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen), apesar de nunca ter exercido qualquer função na entidade. A Aapen, que chegou a ter quase 492 mil associados em maio de 2024, realizava descontos mensais diretamente nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).


A entidade está entre cerca de 30 instituições atualmente sob investigação por descontos indevidos em pagamentos do INSS, esquema que, segundo estimativas da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União, pode ter causado prejuízos de até R$ 6 bilhões aos aposentados e pensionistas de todo o país.


A Defensoria Pública do Ceará ingressou com ação judicial solicitando a retirada do nome de Francisca dos registros da associação. Em nota, destacou que a idosa, por sua vulnerabilidade e falta de instrução, foi vítima de pessoas inescrupulosas, assumindo a condição de “laranja” sem qualquer consentimento.


Promessa de empréstimo como isca para fraude

Segundo a Defensoria, o esquema teve início em 2023, quando Francisca foi abordada por uma mulher chamada Liduína, que prometeu um suposto direito a empréstimo. Posteriormente, documentos assinados pela idosa — sem seu pleno conhecimento — a registraram como presidente da Aapen, enquanto advogados envolvidos ocultavam a verdadeira finalidade da operação.


Mensagens de texto e áudios reunidos pela defesa de Francisca comprovam a fraude. Em maio deste ano, preocupada com possíveis impactos em seu CPF, ela buscou esclarecimentos, recebendo a garantia de que não corria risco algum.


Outras fraudes envolvem “laranjas” e familiares de servidores do INSS

O caso da Aapen não é isolado. A advogada cearense Cecilia Rodrigues da Mota, ex-presidente da Aapen, também comandou a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), sob investigação da PF na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril. Relatórios apontam que valores recebidos por associações suspeitas teriam sido remetidos a pessoas jurídicas ligadas a familiares de servidores do INSS. Ao menos dez associações sob investigação podem ter presidentes “laranjas”, incluindo Francisca.


O caso evidencia a fragilidade do sistema de controle de entidades ligadas ao INSS e levanta questionamentos sobre a responsabilidade do Estado na proteção dos aposentados e pensionistas, vítimas de um esquema bilionário que aproveitou vulnerabilidade de cidadãos como Francisca da Silva de Souza.

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